O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mergulhou na articulação política para emplacar um novo juiz para a Suprema Corte antes da eleição de 3 de novembro. A morte da juíza progressista Ruth Bader Ginsburg, na sexta-feira (18), abriu caminho para os republicanos formarem uma maioria conservadora com seis dos nove magistrados do tribunal.
As mudanças demográficas dos últimos anos têm diminuído o eleitorado republicano, e o partido corre o risco de perder a presidência e a maioria no Senado em novembro. Uma "supermaioria" na Suprema Corte pode garantir o alinhamento com as pautas conservadoras por décadas e motivar a base na eleição.
Os republicanos apontam como uma das principais preocupações a composição da Corte e torcem pela reversão de decisões históricas, como a que reconheceu o direito ao aborto, no início dos anos 1970.
Os democratas defendem que a substituição de Ginsburg ocorra após a eleição, a exemplo de 2016, quando republicanos barraram uma indicação de Barack Obama por 10 meses com a justificativa de que a escolha deveria ser feita pelo próximo presidente. A vaga foi ocupada por Neil Gorsuch, primeiro nome indicado por Trump.
O candidato democrata, Joe Biden, disse na sexta-feira que o Senado deve manter a posição de 2016.
— Os eleitores devem escolher o presidente e o presidente deve escolher o juiz (da Suprema Corte) para o Senado avaliar — disse.
Trump, no entanto, não pretende abrir mão da chance de nomear um novo juiz. No sábado (19), ele disse que os republicanos têm "obrigação de fazer isso sem atraso". A interlocutores, o presidente afirmou que planeja divulgar o nome escolhido antes do primeiro debate, dia 29, e deve escolher uma mulher.
A Suprema Corte é responsável por decidir temas como aborto, porte de arma, liberdade de expressão, imigração, acesso à saúde e igualdade. O tribunal tem maioria conservadora, com cinco juízes indicados por republicanos. Mas é uma maioria frágil, porque o presidente da Corte, John Roberts, deu vitórias recentes pontuais aos democratas, em alinhamento com a ala progressista - daí a importância de ampliar a "supermaioria" para seis magistrados.