20/02/2020 | 06:15 | Saúde | Três de Maio
Equipe de saúde da Apae de Três de Maio alerta sobre as consequências da ingestão de álcool pela mãe durante o período pré-concepção e a gestação
A Síndrome Alcoólica Fetal é o transtorno mais grave do espectro de desordens fetais alcoólicas. É caracterizada pelo conjunto de sinais e sintomas apresentados pela criança decorrentes da ingestão de álcool pela mãe durante o período pré-concepção e a gestação. Atualmente, é considerada uma das principais causas de deficiência intelectual prevenível no mundo.
Conforme os profissionais da equipe de saúde da Apae de Três de Maio, o grau de comprometimento depende de vários fatores, mas, principalmente, da quantidade de álcool ingerida e do período gestacional, já que é nos primeiros meses de gravidez, quando o sistema nervoso está em formação, que a toxidade etílica causa os maiores danos.
Dentre os diversos sintomas que ocorrem na criança, decorrente da ingestão de álcool pela mãe durante a gravidez, pode-se citar dismorfismos faciais, atraso no desenvolvimento neuropsicomotor e deficiência intelectual.
Segundo os profissionais, as alterações mais comuns são fissuras palpebrais pequenas, fácies planas, hipoplasia maxilar, nariz curto, filtro nasal longo e hipoplásico, lábio superior fino, baixo peso ao nascimento, baixo ganho de peso, microcefalia (cabeça de tamanho pequeno), dificuldade de aprendizagem, linguagem, memória e atenção, quociente intelectual (QI) baixo, alterações na visão e audição, dificuldades de socialização, distúrbios comportamentais, atraso de desenvolvimento cognitivo e alterações neurológicas como convulsões, doenças nos rins, ossos e cardiopatias congênitas.
Diagnóstico
Por diversos motivos, nem sempre o diagnóstico da Síndrome Alcoólica Fetal é realizado precocemente, como por exemplo, o cessamento da síndrome de abstinência logo ao nascer, a falta de sinais específicos e a negação de uso de álcool pela gestante.
Não existe exame específico que confirme a síndrome. Para o diagnóstico realiza-se uma avaliação clínica geral, sendo investigado alterações físicas, distúrbios comportamentais, dificuldades na aprendizagem, alterações no desenvolvimento da criança e história materna de uso de álcool, além de outros distúrbios presentes.
Tratamento
Os danos causados na criança pela toxidade alcoólica durante a gestação são permanentes, de graus variados e, infelizmente, não existe cura. Os profissionais da Apae ressaltam que o tratamento pode incluir medicamentos e acompanhamento especializado quando existirem convulsões e cardiopatias, e fisioterapia, fonoterapia, terapia ocupacional e psicoterapia para alterações relacionadas à fala, distúrbios motores e comportamentais e orientações aos pais.
Prevenção
Como já mencionado, a Síndrome Alcoólica Fetal pode ser totalmente prevenível. Para tal, alguns fatores protetores, como relacionamentos familiares estáveis, rotina familiar estável, diagnóstico precoce e acompanhamento especializado são indispensáveis. No entanto, a única prevenção possível é a não ingestão de álcool durante o período pré-concepção, de quatro a seis semanas antes da gravidez, e durante o período gestacional, quando o sistema nervoso fetal está em formação.